8 de outubro de 2013

Rodrigo Amarante faz disco belo e melancólico em sua estreia solo

Integrante de uma das melhores bandas brasileiras dos últimos tempos, Rodrigo Amarante finalmente lança seu primeiro disco solo chamado Cavalo. Depois do projeto Little Joy com o baterista do Strokes, Fabrizio Moretti, com um som mais alegre e “ensolarado”, Amarante chega com um álbum que remete a solidão e a melancolia, com letras introspectivas e tristes.

Amarante era considerado o lado mais pop do Los Hermanos. Enquanto o outro vocalista e compositor da banda Marcelo Camelo tinha um lado mais voltado para a MPB, Rodrigo era o contraponto da dupla e conseguia mesmo com um número menor de músicas nos discos, delimitar bem seu espaço na banda e na preferência dos fãs.


Se no primeiro disco dos Los Hermanos de 1999 Amarante compunha e cantava apenas duas músicas de um total de quatorze, no último disco da banda, 4 de 2005, o mesmo cantava cinco músicas em um total de doze. Esta maior participação mostra o crescimento dele dentro do Los Hermanos, talvez o que tenha desencadeado o hiato da banda e necessidade do lançamento de discos solos de seus dois principais integrantes.


Em sua estreia solo, Amarante preferiu tocar praticamente todos os instrumentos no disco. A sensação de isolamento e autoconhecimento das músicas do álbum pode ter sido refletida pela mudança de Amarante para Los Angeles. O fato de ele ser um estrangeiro o fez sentir o mundo de outra forma, o que acabou afetando as composições do disco Cavalo.

O disco começa com “Nada em vão”, uma bossa nova triste, com um belo arranjo e que não se torna enfadonha apesar de sua melancolia. Lembra um pouco o clima de “Os Pássaros” do disco 4 do Los Hermanos. “Hourglass” é mais animada, com uma batida envolvente, talvez o que o Strokes tentou fazer em seu último disco e não conseguiu. Melhor momento do disco.

Em “Mon nom” (detalhe para o palíndromo no nome da música), Rodrigo canta em francês, o que nos faz lembrar de “Cher Antoine” do disco Bloco do Eu Sozinho. Em “Irene” Amarante se inspira na Irene de Caetano Veloso, porém em um clima de desalento, somente com voz e violão.

“Maná” é outro momento mais animado do disco, um samba rock ao estilo de Jorge Ben Jor, com uma ótima linha de baixo, que nos remete ao som feito no Brasil nos anos 70. A animação termina por aqui, nas músicas seguintes a tristeza volta à tona e o “lado b” do disco é totalmente introspectivo.

“Fall asleep” é cantada em inglês com um piano triste de fundo. “The ribon” lembra os momentos mais depressivos do rock inglês. “Cavalo” é a melhor música da segunda parte do disco, com uma belíssima melodia e com uma voz feminina recitando ao fundo.

“I´m ready” tem um belo coral de fundo, percussão que vai crescendo durante a música e com um arranjo de violino que encaixa muito bem. Para finalizar, “Tardei” resume bem o clima do disco. Em comparação com seu companheiro de banda, Rodrigo Amarante parece mais inspirado em seu trabalho solo. Entre o Cavalo e o Camelo, o primeiro leva ligeira vantagem.









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