30 de abril de 2014

Discografia Básica - Revoluções Por Minuto

Em 1984 o RPM gravou um EP que já contava com as músicas “Louras Geladas” e “Revoluções por minuto”. Neste registro a banda utilizou bateria eletrônica, pois seu baterista, Charles Gavin, saiu do grupo para integrar o Titãs, substituindo André Jung. (Leia mais sobre isto aqui).


Este EP gerou interesse de várias gravadoras e o RPM acabou fechando contrato com a gravadora Sony. Em 1985 sairia o primeiro disco da banda, Revoluções Por Minuto. A capa do disco foi uma escolha dos músicos de um quadro feito por um amigo artista plástico. A gravadora não gostou muito da escolha, pois queria uma foto dos integrantes na capa, tentando explorar a boa aparência de Paulo Ricardo e Fernando Deluqui, porém o desenho estilizado da banda foi o escolhido. O baterista P.A. não aparece na capa, pois entrou no grupo no meio das gravações do álbum.

Não demorou muito para o disco estourar. Logo na primeira música, “Rádio pirata”, a banda constrói um verdadeiro hino, com um refrão contagiante. O tecladinho simples, mas extremamente “ganchudo”, com uma linha de apenas três notas feito por Luiz Schiavon virou um dos riffs mais interessantes do rock nacional até então. Ponto para Schiavon, que mesmo sendo um pianista com formação erudita, conseguia criar algo simples, mas extremamente interessante.



“Olhar 43” foi outro sucesso estrondoso do disco. A linha de baixo feita com Slap por Paulo Ricardo, mostra que ele não só era um galã que agradava as meninas, mas também um bom instrumentista que tinha muito conhecimento técnico. Mesmo com uma letra complexa (mas muito bem construída) e sem refrão a música foi uma das mais tocadas daquele ano.

O belo piano e o clima emocional de “A cruz e a espada” fizeram desta canção uma das mais belas do disco. Alguns anos depois a música foi regravada com a participação de Renato Russo. O belo rock “Estação do inferno” mostra bem o que era o RPM, uma banda extremamente coesa, que conseguia misturar elementos do rock com sintetizadores, com extrema competência.

“Louras Geladas” selou de vez o sucesso do RPM no país inteiro, tocando exaustivamente em várias rádios ao mesmo tempo. Este sucesso gerou uma espécie de “Beatlemania” em relação à banda, com fãs enlouquecidas na porta do hotel, gritando o dia inteiro e shows lotados pelo Brasil todo. 



Enquanto o lado A do álbum era mais pop, com músicas mais dançantes, o lado B era bem mais denso. A banda mergulhava no rock progressivo e fazia letras mais sérias e politizadas. Músicas como “Liberdade / guerra fria”, “Juvenília” e a pesada “P´resse Vício” tinham letras que retratavam a realidade política e econômica da época.

Para encerrar o álbum, a emblemática “Revoluções por minuto”, foi feita em cima da um som de teclado sequenciado, que teve sua velocidade aumentada e fica em repetição. O forte barulho do começo da música se tratava de uma corrente de ferro sendo jogada em um cinzeiro. Com uma letra contundente que retratava a situação política daquele momento, mostra que Paulo Ricardo era um talentoso letrista também.




Revoluções Por Minuto foi um daqueles momentos da música em que tudo se encaixou perfeitamente. A química entre os integrantes, o momento da indústria musical da época, que precisava de uma sonoridade mais moderna e a necessidade de ídolos da juventude dos anos 80 geraram um dos melhores álbuns de rock feitos no Brasil. O talento dos quatro integrantes também foi fundamental para o êxito deste trabalho. O RPM infelizmente nunca mais chegou perto da qualidade deste álbum, mas deixou uma marca definitiva na história da música brasileira.







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