19 de maio de 2014

Titãs acerta ao voltar ao Rock em disco novo

Nheengatu é o novo disco da banda paulistana Titãs e é 18º álbum de uma prolífera carreira. O título é uma língua derivada do Tupi-Guarani e a capa é um desenho que representa a Torre de Babel. Agora como um quinteto, a banda lança este novo trabalho com a produção do requisitado Rafael Ramos, que produziu discos de Pitty, Los Hermanos entre outros artistas. Este também é o primeiro disco da banda com a participação do baterista Mário Fabre, que substitui Charles Gavin, que deixou a banda em 2010.


Neste novo álbum, o Titãs vem com uma sonoridade mais pesada, deixando um pouco de lado as baladas radiofônicas que estavam presentes nos últimos álbuns do grupo. As letras agora também estão mais fortes, com mais críticas sociais, ao contrário do romantismo que permeava algumas letras de trabalhos anteriores. A sonoridade lembra um pouco discos como Titanomaquia de 1993 e Cabeça Dinossauro de 1986.

“Fardado” abre o disco com um riff pesado e potente, com uma letra cantada com raiva por Sérgio Britto, criticando a violência policial. “Mensageiro da desgraça” é cantada por Paulo Miklos, que continua sendo o melhor cantor da banda, em uma letra que fala sobre um cara que vive na miséria das ruas, citando a pobreza e o crack. “República dos bananas” é cantada por Branco Melo, em uma parceria com o cartunista Angeli, em uma letra com uma estrutura bem característica do Titãs.

“Fala Renata” é uma das mais pesadas do álbum e tem uma mudança de ritmo no meio mudando de rock para uma batida meio baião. Com certeza uma das melhores para tocar nos shows. “Cadáver sobre cadáver” é uma parceria com o eterno titã Arnaldo Antunes. “Canalha” é um cover de Walter Franco, um dos artistas “malditos” dos anos 70, que também teve uma música regravada pelo Ira!, a música “Feito gente”. Um dos momentos de mais calma de Nheengatu, tem um arranjo simples e criativo, com uma boa interpretação de Branco Mello, apesar de suas habituais desafinações.

“Eu me sinto bem” e “Não pode” são rocks divertidos, mas bem dispensáveis, com letras mais infantis, duas músicas que poderiam estar fora do disco. “Flores para ela” é uma das melhores do álbum, fala sobre violência doméstica tem uma boa linha de baixo e muito bem cantada por Paulo Miklos. Em “Senhor” o Titãs usa uma base rítmica que já foi utilizada em músicas como “Massacre” e “Felizes são os peixes”.

Em “Baião de dois” a banda mistura baião com rock e se sai bem, com uma letra interessante. Para finalizar, a boa “Quem são os animais?” em que a banda critica a homofobia e o preconceito racial. O Titãs se sai bem em Nheengatu, um trabalho mais interessante do que os últimos três álbuns de estúdio lançados pela banda. Ao apostar em um rock mais pesado e energético e mesmo apelando para velhos clichês o grupo revigora o seu som e pode dar uma dose a mais de energia aos seus shows, deixando um pouco de lado o pop romântico que incomodava um pouco seus antigos fãs.



2 comentários:

  1. Uma das raras bandas a manter-se na ativa após tantos anos. Ainda não escutei todas as músicas desse álbum, mas trata-se de um bom trabalho e comparado ao que é feito hoje em dia chega a ser excelente. Abraço

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    1. Este disco é bem melhor que o fraco Sacos Plásticos, disco anterior deles. Lembra as melhores fase da banda. Abraço!

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