1 de julho de 2015

Montage of Heck mostra a fragilidade de Kurt Cobain

Ontem assisti pela terceira vez ao documentário sobre a vida de Kurt Cobain, Montage of Heck, do diretor Brett Morgen. Este é o primeiro documentário com o suporte da viúva de Kurt, Courtney Love e a filha dele, Frances Bean Cobain. Com um vasto arquivo de áudio, imagens e obras de arte do líder do Nirvana, Morgen construiu um documentário que foge do lugar comum, misturando entrevistas e trechos de apresentações da banda com animações que às vezes mostravam partes dos diários e desenhos feitos por Kurt, e outras representavam trechos de sua vida em forma de desenho animado.


Morgen preferiu entrevistar somente as pessoas mais próximas da vida de Kurt, como os pais dele, sua madrasta, o seu amigo e companheiro de banda Krist Novoselic, sua irmã Kim, além de sua primeira namorada Tracy Marander e claro, a viúva Courtney Love. Não ficou muito bem explicada a ausência de entrevistas com Dave Grohl. Segundo o diretor, a entrevista dele foi feita depois que o filme já tinha sido terminado e que não daria tempo de colocar no documentário e também achou que a presença de Novoselic já era suficiente.

Logo de cara no filme, impressionam as imagens da infância de Kurt, mostrando uma criança linda e extremamente carismática. As imagens têm uma qualidade tão boa que parecem que são cenas feitas agora, com atores representando aquela época. No começo do filme, a mãe de Kurt fala que ele era hiperativo e que o médico receitou remédios para o garoto. Um grande erro que pode ter sido o começo de uma longa trajetória de dependência química do vocalista do Nirvana.

Outro fato crucial na vida de Cobain foi a separação dos pais, que tornaram Kurt um cara fechado e extremamente rebelde, mudando de casa em casa, morando com vários parentes até finalmente voltar contrariado a casa de sua mãe. Há também a parte musical do Nirvana, que é o mais importante, com apresentações ao vivo que mostram o quanto a banda era impactante, graças a sua batida forte, riffs de guitarras incríveis e o jeito forte e emocional de cantar de Kurt, mostrando uma visceralidade que poucas bandas na história do rock tiveram.  

O documentário também mostra vídeos pessoais de Kurt e Courtney, em momentos de descontração em casa (visivelmente chapados pelo uso de drogas), que chegam a ser engraçados e melancólicos ao mesmo tempo, mostrando um lado bem humorado e sarcástico de Kurt, que faz várias piadas com o Guns n´ Roses. Vídeos que mostram um casal apaixonado e perturbado ao mesmo tempo, revelando uma intimidade deles nunca antes mostrada.

As cenas de Kurt com sua filha ainda bebê são emocionantes e chegam a dar aquele aperto no coração, mostrando um homem com muito afeto e amor pela filha. Uma das cenas finais, que mostram um Kurt mal conseguindo ficar de pé e levando bronca de Courtney por estar drogado em frente de sua filha, são muito chocantes, mostrando como Kurt estava chegando ao fundo do poço.

Após o filme ainda passa uma entrevista com o diretor do documentário, Brett Morgen, em que ele fala que se inspirou no filme The Wall do Pink Floyd e como ficou obcecado pelo artista Kurt Cobain, após ter acesso ao material que usaria no filme. Seu envolvimento foi tão grande que ele se sentia mais próximo de Kurt estes últimos anos do que de seus próprios amigos.

Em Montage of Heck, vemos um artista ambicioso e ao mesmo tempo sensível às críticas, aos problemas estomacais, às responsabilidades e ao sucesso. Mas nada mesmo o afetou tanto quanto seu vício em heroína. Infelizmente era uma tragédia anunciada, Kurt não conseguiu vencer o vício, graças a sua fragilidade física e psíquica. Um artista que tinha uma arte muito genuína e sincera e que teve um fim repentino e trágico, mas que deixou sua marca e foi um dos últimos suspiros do rock. 


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